sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A.L. - Nicarágua - A morte de Sandino

Vê-se na fotografia acima, o general Sandino (à direita), sentado ao lado do presidente da Nicarágua, Dr. Juan B. Sacasa, o qual, por ocasião da terminação de um período de guerrilhas que perdurou por cinco ano, deu garantias de vida ao célebre caudilho e seus partidários.
Foto e Texto: Jornal A Tribuna

O REVOLUCIONÁRIO SANDINO FOI MORTO

JUNTAMENTE COM O GENERAL NICARAGUENSE, FORAM ABATIDOS UM SEU IRMÃO E DOIS AMIGOS
A notícia foi comunicada à Associated Press
Nova York – 22 – Comunicam de Manágua a Associated Press que o revolucionário Sandino foi morto, nas proximidades daquela capital, pela Guarda Nacional, juntamente com seu irmão e seus dois amigos. – H.

O presidente da Nicarágua reprova a morte de Sandino
Manágua – 22 – O revolucionário Sandino, seu irmão e dois amigos , foram mortos por membros da Guarda Nacional, perto desta Capital. A este propósito, o presidente fez publicar um comunicado, em que declara, que reprova a morte do General, contrariamente às suas instruções, porque tinha garantido a vida de Sandino e seus partidários durante a sua permanência em Manágua.

O presidente ordenou a abertura imediata de um inquérito para apurar as responsabilidades e reuniu o Congresso, para lhe pedir a concessão de poderes necessários para manter a ordem.
Foi estabelecida a censura. H.

Alguns antecedentes sobre o crime – Os acordos concluídos entre o general Sandino e o presidente Sacasa.
Manágua 22 – Noticia-se que o general Sandino foi morto, no momento em que se encontrava em companhia do seu irmão Sócrates e do general Estrada.

Sandino viera, na semana passada, para combinar definitivamente com o governo as condições de desarmamento de seus partidários.

Acredita-se, geralmente, que uma declaração recentemente feita à imprensa pelo general sobre a inconstitucionalidade da Guarda Nacional, tenha sido a origem do atentado a que sucumbiu.
De acordo com os termos dos acordos ultimamente concluídos entre o presidente Sacasa e Sandino, este era autorizado a guardar sem partidários, durante um ano, para explorar uma propriedade cooperativa no rio Coco.

À noite de ontem, os jornais publicaram uma carta, em que o general Sandino pedia ao presidente da República que fornecesse garantias a si próprio e aos seus homens, bem como perguntava que providências o governo contava tomar para dar estatuto constitucional à Guarda Nacional.

O sr. Sacasa respondera que a Guarda seria reorganizada de acordo com os preceitos constitucionais dentro de 6 meses, e que um delegado seria enviado ao departamento do Norte para proteger a vida de Sandino e dos seus partidários, ao mesmo tempo arrecadar as armas destes.

Reinava de longa data o ódio entre Sandino e os guardas nacionais que haviam sido instruídos pelos fuzileiros navais norte-americanos e se haviam distinguido na guerra impiedosa movida pelos rebeldes.

É interessante recordar que Sandino estivera a princípio ligado por vivos laços de amizade ao presidente Sacasa. Ambos haviam organizado o levante de 1927 e 1928 contra o poder despótico do presidente Alfonso Diaz e, derrubando este, colocaram no poder o presidente Mucada, que os Estados Unidos se recusaram a reconhecer visto se tratar de um governo revolucionário.

Posteriormente a administração de Washington, realizadas as eleições protegidas pelos marinheiros norte-americanos e escolhido para presidente o mesmo Mucada, havia reconhecido o governo nicaragüense.

Sandino, entretanto, sob o regime de Mucada e Sacasa, que sucedeu a este, continuou à frente de seus partidários a lutar contra as tropas estrangeiras que ocupavam o seu país.

Perseguidos pelos marinheiros norte-americanos e pela Guarda Nacional, o general revolucionário acabara por aceitar uma rendição honrosa, a qual se resignara, segundo se afirma, mais vencido pelo pesar da morte da sua mulher do que pela força.

Sandino, extremamente orgulhoso do seu sangue indiano, era considerado uma figura típica de herói em vários países da América Latina, onde o seu nome servia de bandeira a todas as demonstrações contra os Estados Unidos.

Assim que foi conhecida a notícia de sua morte, o governo resolvera aplicar a censura em todo o país.

Foi publicado ao mesmo tempo comunicado oficial que declara que o presidente Sacasa ao contrário das notícias correntes havia prometido garantir a vida de Sandino durante a sua permanência em Manágua.

Confirma-se, ademais, que Sandino assinara com o presidente Sacasa a declaração pela qual reconhecia este o direito de reorganizar a Guarda Nacional e aceitava depor as armas desde que fosse resolvida esta reorganização. – H.

O massacre de Sandino e seus companheiros – Também o pai do caudilho foi morto.
Manágua – 22 – Anuncia-se que Sandino e seus companheiros foram massacrados, porque se recusaram a receber à intimação de se renderem que lhes faziam os guardas nacionais. O pai de Sandino foi igualmente morto. – H.

Fonte: Jornal A Tribuna - 23 de fevereiro, 1934.


Postado por Paulo Renato Alves

20 de fevereiro, 2009.

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