sábado, 21 de fevereiro de 2009

Revolução Cubana - Protesto na ONU

RAUL ROA
Raul Roa responsabiliza os EE.UU pelo ataque a Cuba
Nações Unidas, 15 (A.F.P.) - A responsabilidade pelos “atos de vandalismo” cometidos hoje contra Cuba, recai plenamente contra os Estados Unidos – declarou hoje o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Raul Roa. O chanceler cubano falava perante a Comissão Política da ONU que começou às 20 horas (GMT) o exame da queixa cubana contra os Estados Unidos, em conseqüência dos bombardeios que sofreram hoje três pontos diferentes do território cubano.
Acrescentou o ministro que estes ataques de “covarde pirataria internacional” foram realizados pelos Estados Unidos com a ajuda de seus “satélites da América Latina” e dos “traidores cubanos emigrados”.

“Acuso os EE.UU.”
“Acuso os Estados Unidos ante a Comissão Política e a opinião pública mundial – disse – de recorrer à força para resolver suas divergências com um país membro das Nações Unidas”.

Raul Roa fez a leitura da declaração de Fidel Castro sobre os bombardeios desta manhã, declaração que decreta a mobilização geral e dá instruções à delegação cubana na ONU para responsabilizar diretamente os Estados Unidos por estes atos de agressão.

Assinalou que o primeiro ministro cubano lhe havia informado que os bombardeios haviam causado 7 mortes e que “peças de convicção” do ataque foram apresentadas ao corpo diplomático de Havana.

Manchas Solares
Raul Roa salientou também, que os ataques realizados na manhã de hoje, haviam coincidido com manchas solares que impediam as comunicações radiotelefônicas.

Destacou que tal coincidência era significativa pelo cuidado que põem os Serviços Secretos e os Serviços Metereológicos norte-americanos na preparação dos ataques.

Roa aduziu também como prova de cumplicidade dos Estados Unidos, o fato de que um dos chefes dos cubanos emigrados declarou em Nova York, que havia estado em contato com os “pilotos criminosos”.

Fala Stevenson
Depois dessa grave declaração, Adlai Stevenson tomou a palavra em nome dos Estados Unidos, para negar energicamente as acusações do ministro das Relações Exteriores de Cuba “que – disse – são totalmente infundadas”. Mostrou à Comissão uma fotografia de um dos bombardeiros na qual se viam claramente as insígnias da aviação cubana e salientou que os pilotos dos dois aparelhos que aterrissaram na América do Norte pertenciam à aviação cubana.

Recordou Stevenson que o governo dos Estados Unidos proclamou como política oficial sua intenção formal de não intervir militarmente em Cuba.

Em seguida, interveio o delegado da Guatemala para desmentir que as tropas destinadas á invasão de Cuba estivessem recebendo instruções na Guatemala.

Reafirmação
Raul Roa voltou novamente a falar para sustentar que as recentes declarações do presidente Kennedy de que a América do Norte não intervirá nos assuntos de Cuba “não tem nenhuma garantia” e que constitui em realidade “uma cortina de fumaça” atrás da qual os Estados Unidos preparam cabeças de ponte para uma agressão contra Cuba.

O ministro cubano fez uma crítica pessoal de Stevenson, na qual disse que havia convertido em um homem muito diferente do que era antes do advento do presidente Kennedy.

Apoio soviético
Valerian Zorin falou em seguida, em nome da URRS para destacar que os preparativos da agressão e da subversão contra o governo cubano foram feitos em solo dos Estados Unidos com pleno conhecimento das autoridades norte-americanas e que, depois desses preparativos, “as operações militares começaram agora de maneira efetiva”.

“Se a política dos Estados Unidos fosse verdadeiramente contrária à intervenção em Cuba – frisou – teria bastado uma palavra do presidente Kennedy aos contra-revolucionários cubanos, “essa sua escória prestes a vender seu país”, para que se detivessem em seu começo os preparativos de agressão”.

Ressaltou Zorin que “Cuba não está sozinha” e que a “URSS está pronta a prestar-lhe ajuda”.
Afirmou que as Nações Unidas “não devem se contentar com as declarações de Adlai Stevenson, mas que podem e devem adotar medidas para deter, ainda que seja no último minuto, a agressão contra Cuba”.

Depois de uma declaração do delegado do Marrocos, dr. El Mendi Benabud, que salientou a necessidade da unidade e da boa imediações da sede das Nações Unidas e são mantidos à disposição pela polícia montada. Os cubanos levam cartazes onde se lê: “Os Estados Unidos bombardearam nossas cidades” e “quando soldados norte-americanos vão morrer pela “United Fruit Company?”

Os guardas da ONU mantém uma rigorosa vigilância para evitar que alguns manifestantes penetrem na sala da comissão política, misturando-se com o público, vizinhança para preservação da paz e do respeito dos princípios das Nações Unidas, os debates sobre a queixa cubana foram adiados até a próxima segunda-feira, às 15h30 (GMT).

Fonte: Jornal A Tribuna - 16 de abril, 1961.


Postado por Paulo Renato Alves

21 de fevereiro, 2009.

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