sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Economia Criativa: Um gigante Adormecido

“A Grã-Bretanha é uma das nações mais criativas do mundo. (...) Seria todo esse talento uma coincidência ou haveria algo fazendo dos britânicos pessoas particularmente criativas? É válido colocar-nos essa questão, porque alguma das causas de nossa criatividade podem estar abertas à influência do governo – para melhor ou para pior.”
(James Purrel, ministro das Indústrias Criativas do Reino Unido)

O impacto das atividades criativas com o objetivo de contribuir para a revitalização e o desenvolvimento auto-sustentável de áreas urbanas, tem sido objeto de políticas públicas específicas em diversas cidades do mundo. Se nos países desenvolvidos essas políticas têm principalmente a função de incrementar suas indústrias criativas, nos países emergentes incorporam-se a esse preceito as possibilidades de requalificação humana e de inclusão social.

Dados da UNESCO apontam que 8% da riqueza produzida no mundo têm origem no que por convenção recebeu o nome de economia criativa. Em sua abrangência, o conceito apresenta representações em iniciativas nas áreas de arquitetura, publicidade, audiovisual, moda, tecnologia, artesanato, artes plásticas, música, designer, turismo, gastronomia, e todas as demais atividades que tenham como elemento essencial a criatividade e o conhecimento.

Na Baixada Santista o assunto ainda não conquistou o merecido espaço na agenda política dos governantes e parlamentares, e embora alguns projetos e ações realizadas se fundamentem em seu conceito, não observamos qualquer movimento para a construção de políticas públicas direcionadas para esse setor econômico.

É evidente, que poderíamos levantar o argumento que parte significativa da economia criativa se encontra representada na atuação das Secretarias de Cultura. Contudo, não poderíamos também deixar de observar que tais Secretarias pouco participam dos debates sobre o desenvolvimento sócio-econômico de seus municípios.

Em Santos, por exemplo, se a Secretaria de Cultura tem seu representante no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, encontra-se ausente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, que tem entre suas prerrogativas a participação na formulação de políticas para o desenvolvimento econômico e social e na elaboração do Plano Estratégico da Cidade.

Há falta de Indicadores também não nos permite ter uma dimensão aproximada do número de postos de trabalho gerados através de atividades artístico-culturais e criativas, nem o quanto isso significa para a economia da região. Sendo mais claro: ainda que as Secretarias de Cultura em muito contribuam para a geração de empregos e renda, muito mais poderiam contribuir se integradas às políticas econômicas de seus municípios.

Os gargalos existentes na produção, distribuição e consumo de bens e serviços culturais e criativos precisam ser superados. O Fundo Municipal de Cultura e a Escola Profissionalizante de Teatro a serem implantados em Santos, são duas boas iniciativas nesse sentido. No entanto, muito ainda pode e deve ser feito, sobretudo na criação de políticas públicas para que a produção artística e criativa das cidades ultrapasse as fronteiras regionais. Salvo raras e honrosas exceções, isso não acontece. Quem sabe, a articulação para a criação de Arranjo Produtivo Local para segmentos da Economia Criativa possa ser um caminho a ser construído. Afinal, em tempos de revisão do Plano Diretor da Cidade é preciso ter muita criatividade, mas muita criatividade.

Reinaldo Lopes Martins e Paulo Renato Alves

Postado em 16 de janeiro de 2009

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