quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Gestão Cultural

Cultura e Desenvolvimento
Assim, observamos uma certa passividade no setor, a falta de criatividade para superar as dificuldades econômicas. Uma mudança de mentalidade se faz necessária para uma abordagem da questão cultural, se vocês me permitem: uma nova cultura organizativa, uma nova forma de cultura.
Alfons Martinell
Professor e Gestor Cultural de Barcelona

I– Novos Desafios: A cultura como estratégia de desenvolvimento.
Cada vez mais, as políticas públicas na área de cultura adquirem um papel fundamental para a formação de um país mais democrático e plural. Espaço privilegiado para a construção da cidadania e da inclusão social, a ação cultural deve sempre ir além das necessidades imediatas do poder público e de sua eterna escassez de recursos.

Neste sentido, os mecanismos de financiamento à cultura podem contribuir de forma essencial para a realização de projetos capazes de fomentar e estimular o desenvolvimento cultural, turístico e econômico de uma cidade ou região, bem como promover a inclusão social através da formação cultural, da capacitação profissional, da geração de renda e de empregos.

A combinação cultura/lazer/economia deve assim ocupar um papel importante nesta difícil tarefa para a superação das desigualdades sociais e de seu principal produto urbano, a violência. Neste quadro não muito alvissareiro, cultura, lazer e economia impõem-se como premissas para a melhoria das condições de vida em nossas cidades, gerando perspectivas para o presente e esperanças para o futuro.

Para o gestor público surge a imperiosa necessidade de pensar a cidade em todos os seus aspectos, do concreto ao simbólico, do econômico ao social; exigindo em sua atuação não apenas a habilidade técnica e política para promover ações integradas e transversais, como também o conhecimento de novas metodologias derivadas das ciências econômicas, indispensáveis para o melhor gerenciamento dos recursos públicos e para um conhecimento mais detalhado de cada segmento artístico/cultural.

Dentro de tal contexto ficam as perguntas: Quais os paradigmas que balizam as atuais políticas públicas de cultura na região? Qual a eficácia e a eficiência dos projetos e ações realizadas? Há integração e sinergia nas ações promovidas pelas Secretarias de Cultura? Haveria a necessidade de se realizar um levantamento sobre indicadores culturais em nossa região? Existe sintonia entre o Executivo e o Legislativo para a criação de leis que estimulem a produção, a distribuição e a fruição de bens culturais? Quais estratégias poderiam ser adotadas para dar visibilidade à produção cultural da região? Que parcerias poderiam ser feitas com o governo estadual e federal? Quanto as ONGs, empresas locais, e outras instituições culturais da região como o Sesc e o Sesi, que tipo de relação é estabelecida? Por fim, quais os benefícios diretos e indiretos que teriam nossos atores culturais?Se no Brasil, o poder público dá seus primeiros passos para a implantação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento, seja através do incremento ao turismo, da inclusão cultural e digital, da geração de empregos e renda através da formação e capacitação cultural, o que esperar da Baixada Santista onde ainda é incipiente a reflexão sobre gestão cultural? O que fazer para articular programas e ações que tenham como prioridade o desenvolvimento?

Ao menos, uma coisa é certa. Precisamos profissionalizar a gestão cultural em nossa região para não corrermos o risco de investir dinheiro público equivocadamente. Muito se tem por fazer e muito se pode esperar para os próximos anos.

Paulo Renato Alves
Texto originalmente publicado no dia 09 de novembro de 2008.

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