quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

REVOLUÇÃO CUBANA - A VITÓRIA DO MOVIMENTO 26 DE JULHO - 1ª PARTE


FIDEL CASTRO, CHEFE REVOLUCIONÁRIO DE CUBA, ENTROU TRIUNFALMENTE EM HAVANA
Delirantemente aclamado pela população à sua passagem – Falou ao povo da sacada do Palácio Presidencial – Prontos os Estados Unidos a ajudar o novo governo
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Havana – 8 (AFP) – O chefe vitorioso do movimento insurrecional de 26 de julho, Fidel Castro fez hoje a tarde uma entrada triunfal em Havana.

Após ter atravessado à testa de suas tropas de este a oeste a ilha de Cuba, em toda a sua extensão, o homem cuja ação contra a ditadura de Fulgêncio Batista havia começado em 1953, recebeu hoje, à sua entrada na capital cubana, uma acolhida delirante da parte de centenas de milhares de pessoas, ao longo do caminho que o levou ao Campo Colúmbia.

Foi de pé, em um jipe que Fidel Castro penetrou na cidade. A seu lado se encontrava um de seus principais lugares-tenentes. Camilo Cienfuegos, que desde a vitória do Movimento de 26 de Julho assumiu o comando da praça de Havana.

Caminhões sobre os quais se vêem os soldados barbudos de Fidel Castro seguem o jipe do chefe vencedor.

Parece que toda a população de Havana, se postou no percurso de Fidel Castro seguia com seu exército. A progressão do desfile é extremamente lenta.

No momento mesmo que Fidel Castro penetrava em Havana a fragata “Antônio Maceo”, ancorada na baía da Capital, saudava o líder do movimento insurrecional, que acaba de libertar Cuba, com 21 tiros de canhão, saudação reservada geralmente aos chefes de Estado.

Essa fragata, cuja base é em Santiago de Cuba, havia recentemente se juntado ao movimento de Fidel.

FIDEL CASTRO FALA AO POVO CUBANO
Havana 8 – (AFP) – Fidel Castro, o herói da revolução cubana, retardou de 40 minutos hoje, a marcha vitoriosa de sua caravana, para ir pessoalmente ao Palácio Presidencial e saudar o presidente Manuel Urrubia.

Antes de entrar no edifício, em cujas proximidades estacionavam milhares de pessoas, Fidel Castro decidiu falar a multidão, do terraço do palácio. O chefe do movimento rebelde cubano declarou que se ele decidira penetrar no palácio, do qual jamais gostara, do qual, sem dúvida, nenhuma outra pessoa gosta, disse ele, foi unicamente porque o presidente Urrubia ali estava instalado e porque desejava apresentar-lhe seus cumprimentos. Fidel Castro acrescentou que ia visitar um outro edifício, que não gostava também, (a residência que era utilizada pelo ex-presidente Batista, no Campo Columbia), no qual ele nunca mais viverá.

Terminando seu discurso, Castro declarou que havia sido informado de que seriam necessários mais de mil soldados para abrir-lhe caminho para o seu jipe. Provarei que isso não é necessário, disse ele, e dirigindo-se a multidão pediu-lhe que voluntariamente abrisse uma passagem para que ele pudesse ir sozinho até seu jipe. A multidão afastou-se então, para deixá-lo passar. O chefe rebelde tomou o veículo acompanhado de seu adjunto Camilo Cienfuegos, da esposa do presidente Urribia e do filho deste, enquanto a multidão gritava: “Fidel Castro, Fidel Castro”. Depois em seu jipe, o chefe rebelde retomou a frente de sua coluna motorizada em direção ao Campo Columbia. Ao longo de todo o caminho Fidel Castro foi aclamado por grupos dominicanos que carregavam cartazes reclamando liberdade para seu país.

CASTRO E SUAS TROPAS REPOUSARAM ALGUMAS HORAS EM MATANZA
Havana 8 (AFP) – Fidel Castro e suas tropas vitoriosas, felizes mas fatigadas, famintas e caindo de fome, puderam repousar algumas horas ontem à noite, em Matanzas, antes de sua entrada em Havana.

O correspondente do France Press entrou em Matanzas, quarta-feira, junto com os homens de Fidel Castro, após 30 quilômetros de estrada desde Cólon, que se encontra igualmente na província de Matanzas, onde houve uma demonstração de massa.

Na cidade de Matanzas, a multidão entregou-se a um entusiasmo incontrolado, quando, cerca das 22 horas, a caravana de viaturas das virtudes que trazia as forças rebeldes para diante da antiga prefeitura da cidade colonial, onde pelo menos 6000 pessoas tinham se concentrado.

Fidel Castro foi recebido por longas ovações, que se transformaram em vibrantes aclamações, quando Fidel Castro sorridente, saudou a multidão com a mão, sentado em seu jipe e cercado por sua guarda.

Quando o chefe rebelde subiu ao balcão da Prefeitura, pelo menos cem pombos foram libertados e voaram sobre a multidão.

Durante meia hora o animador da revolução falou sobre as virtudes dessa revolução e reafirmou seu desejo de estabelecer uma “República moderna”.

Antes de seu discurso, Fidel Castro encontrou tempo para conceder uma entrevista exclusiva e importante ao correspondente da “France Presse” no curso do qual ele declarou novamente que não era comunista.

ADVERTÊNCIA A TRUJILLO
Fidel Castro reafirmou, igualmente, no curso dessa entrevista a sua resolução de combater todas as ditaduras e pontuou suas observações com uma advertência ao general Rafael Trujillo, da República Dominicana: “Quando a barba de vosso vizinho queima, é preciso que coloque a vossa de molho”, disse ele espiritualmente.

O chefe rebelde aproveitou para expressar, mais uma vez, o descontentamento que tinha causado a venda de armas à Batista, pela Grã-Bretanha, mas acrescentou: “Como depois, nós capturamos a maior parte dessas armas, sem dar tempo à Batista servir-se delas, estou menos descontente agora do que o estava antes”.

Fidel Castro recusou-se a comentar de um ou outro modo, a notícia segundo a qual pretenderia pedir à Inglaterra chamar de volta o seu embaixador em Havana, Sr, Alfred Fordham. Trata-se de uma questão sobre a qual cabe ao ministro das Relações Exteriores e ao gabinete de decidir”, disse ele.

Do outro lado, Castro afirmou que procuraria ir à Venezuela para expressar seus respeitos ao povo venezuelano, mas não pôde precisar a data dessa eventual viagem.

Em Matanzas, Fidel Castro encontrou a sua irmã Lydia, da qual estava separado há 5 anos. Irmão e irmã se abraçaram no meio da emoção geral.

Outros acontecimentos foram menos alegres. Dois homens foram presos no meio da multidão e conduzidos, com os braços levantados, ao Q.G. dos rebeldes, acusados pelos homens de Castro de “inimigos da revolução”. (a) Buck Canel, enviado especial da “France Presse”.

Matéria Publicada no jornal A Tribuna - 09 de janeiro, de 1959.


Postado por Paulo Renato Alves

19 de fevereiro, de 2009

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