domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um filme noir na história de nossa Cidade - Segunda Parte

Quem é o Dr. Nils Christian Christensen
Nasceu o dr. Nils Christian Christensen na Estônia, sendo filho de pai dinamarquês e mãe alemã. Em 1926 formou-se em engenharia mecânica, pela Universidade de Hamburgo e Hanover, naturalizando-se alemão, visto ser sua mãe alemã, passando desde essa data a trabalhar para a Marinha da Alemanha, sendo técnico em construções navais. Era desde 1928 conselheiro de Construções Navais da Marinha do Reich. Em 1940 foi encarregado de organizar o Serviço de Localização das estações transmissoras clandestinas da Alemanha. Em janeiro de 1941 foi desligado da Marinha e recebeu a incumbência da construção, nos maiores portos da América do Sul e nos Estados Unidos da América do Norte, de estações emissoras para transmissão de notícias ao Almirantado sobre movimento de vapores e suas respectivas cargas. Antes de embarcar, fez um rápido curso de transmissões telegráficas, sistema Morse, aprendendo também a compulsar os códigos secretos. Em fins de fevereiro recebeu ordem do Almirantado germânico para transportar-se para Bordéos, na França ocupada, onde deveria procurar o almirante que comandava a base naval dêsse porto. Ali, foi obrigado a assumir um compromisso de honra, perante o comandante daquela base naval, de que enquanto estivesse fora da Alemanha, não se corresponderia com pessoa alguma de sua pátria, mesmo com sua família.

Até esse momento não sabia o seu destino. Recebeu ordem para embarcar no vapor mercante alemão “Hermes”, cujo comandante era a única pessoa que tinha conhecimento de que viajava em missão secreta. Seu nome figurava na tripulação como comissário de bordo. Em alto mar, recebeu das mãos do comandante do “Hermes” um envelope lacrado no qual se encontravam as instruções sobre a missão que deveria cumprir. Só então é que teve conhecimento da natureza do trabalho que lhe fora destinado. Recebeu também do comandante do “Hermes” a importância de 600 contos de réis, em dinheiro brasileiro. No envelope lacrado recebeu também uma falsa folha de serviços, que atestava ser ele um oficial dinamarquês a serviço da Marinha alemã, afim de exibir essa qualidade , caso o vapor fosse aprisionado, devendo, então, inutilizar as instuções secretas que trazia. Todavia, o “Hermes” conseguiu romper o bloqueio, aportando no Rio de Janeiro, no mês de abril.

Depois de três dias de ancorado, o vapor, desceu o Dr. Christensen, hospedando-se no Itajubá Hotel. Depois de se ligar a diversas pessoas da rede indicadas, veio para São Paulo e daqui para Santos, onde passou a estudar a cidade, em companhia Ulrich Uebele, filho do cônsul alemão em Santos, que o auxiliou na montagem da estação aprendida naquela cidade, em 5 de março. Ali deu instruções para que se organizasse o corpo de agentes que deveriam ser alemães e pessoas de absoluta confiança. Na escolha procurou excluir os elementos muito conhecidos pela Polícia como nazistas, afim de não prejudicar a sua missão. A estação de Santos foi instalada no mês de agosto e desmontada no mês de setembro, em virtude da Polícia santista encontrar-se nessa época, a campo, tentando a sua apreensão. Deixou como encarregado da estação transmissora de Santos, o rádio-telegrafista Gerard Schroeder, sendo encarregado das informações Ulrich Uebele e Henrich Bleerouth, que eram auxiliados por outras pessoas. De Santos regressou para o Rio de Janeiro, onde instalou o seu transmissor na residência em que foi preso, à rua Campos de Carvalho, no Leblon, tendo nessa cidade organizado diretamente o serviço de informações. Achava-se o Dr. Christensen a procura de uma pessoa de absoluta confiança que deveria dirigir esta estação afim de seguir para os Estados Unidos e ali completar a sua missão, instalando uma transmissora na cidade que mais conviesse, e, si possível, em Nova York.

Como durante a sua permanência de abril de 1941 até a data em que foi preso tivesse gasto os seiscentos contos de réis, estava à espera de mais mil contos de réis que deveria receber de um portador no Rio de Janeiro, no fim dêste mês.

Sábado, 28 de março de 1942.
A Tribuna – Santos.

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